Prof. Ildes Ferreira
Todo litoral baiano foi ocupado pelos portugueses nos primeiros anos da colonização. O território que hoje constitui o Município de Saubara não deve ter sido diferente, mas somente em 1876 o povoado foi elevado à categoria de Distrito e, em 1989, de Município. Tem uma população de 11.201 habitantes e 164 km² de área (embora considerada pequena, essa área é superior a muitos municípios baianos).
Os moradores de Saubara, antes, além da pesca e da mariscagem, cultivavam o arroz, o feijão, a mandioca, o quiabo, o inhame, o amendoim, a banana, a batata-doce. Exportavam-se, de barco, farinha de mandioca, suínos e caprinos para Salvador, Cachoeira, Maragogipe etc. Hoje, segundo o IBGE, produz pouquíssima quantidade de banana, coco e manga; de lavoura temporária, apenas um pouco de mandioca. Na pecuária, algumas cabeças de bovinos, ovinos e suínos. É só!
Com a queda das atividades pesqueira e da mariscagem, a população passou a viver em função do turismo: comércio de alimentos, bebidas, artesanato e hospedarias. Mas o turismo pode entrar, brevemente, em decadência: deficiências na infraestrutura (água, energia elétrica, comunicação e sistema viário – aqueles gargalos de Saubara e Cabuçu, em períodos de grande movimento, ufa!!!) e pela degradação ambiental. As cascatas já não existem mais, os rios estão morrendo, toneladas de lixo são sugadas pelas águas ou simplesmente deixadas a céu aberto nos períodos de veraneio.
Providências urgentes precisam ser tomadas para evitar o caos. Se as condições continuarem piorando, a tendência é de os turistas de maior renda migrar para outras praias, ficando Saubara apenas como espaço para aquele segmento que vem buscar diversão mas traz sua comida e bebida, em nada contribuindo para a população local. Ao contrário, deixa a sujeira nas praias, ruas e praças.
Saubara é um município de grandes potenciais econômicos. Em poucos locais se encontram praias e paisagens tão exuberantes; a pesca, a mariscagem e a agropecuária poderiam ser dinamizadas. Se soubesse usar essa potencialidade, poderia oferecer melhores condições de vida para seu povo: emprego, renda, saúde, educação, segurança, cultura, esporte, diversão. Mas isso só será possível quando, de um lado, o gestor público entender que precisa implementar em Saubara projetos estruturantes de futuro e, de outro, a população começar a exercer sua cidadania, fazer a sua parte, cuidar do meio ambiente e cobrar dos governantes as políticas públicas para o desenvolvimento do município.
Desperta Saubara!
Ildes Ferreira de Oliveira
Sociólogo, Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, amante de Saubara.
O Professor Ildes Ferreira disseca com habitual acuidade a realidade do município de Saubara. Destaca a existência de potenciais econômicos a serem desenvolvidos, a exemplo do turismo em suas diversas formas, do agronegócio,etc. Verifica-se pois, a existencia de condições que permitem que o município possa desenvolver-se a partir de um modelo de gestão que contemple projetos e políticas públicas de interesse da comunidade e que tragam na sua formulação melhorias da qualidade de vida para a comunidade.
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